Mário Soares defende aumento de impostos "se for necessário"
Lisboa, 28 set (Lusa) - O antigo Presidente da República Mário Soares defendeu hoje cortes no "despesismo do Estado", mas, "se for necessário", aumentos de impostos, não se mostrando surpreendido com as recomendações do relatório da OCDE a Portugal.
"Em primeiro lugar, acho que devemos fazer cortes fundamentais no despesismo do Estado, mas, se for necessário, também [aumentar os] impostos. Ainda ontem [na segunda feira] em Espanha, aumentaram os impostos e diminuíram os salários, inclusivamente dos membros do Governo", afirmou Mário Soares quando questionado sobre um possível aumento da carga fiscal.
O antigo Presidente da República e antigo primeiro ministro falava aos jornalistas à margem de uma conferência sobre a I República, no auditório dos serviços sociais da Câmara de Lisboa.
Mário Soares foi interrogado sobre as recomendações da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) a Portugal e respondeu ter achado "normal" e "nada de extraordinário" o conteúdo dessas recomendações.
A OCDE recomendou, na segunda feira, a Portugal o congelamento salarial na função pública como medida de correcção do défice e de encorajamento à moderação salarial no setor privado, além de uma subida dos impostos IVA e IMI, de forma a alcançar uma consolidação orçamental "credível", que restabeleça a confiança dos consumidores.
O antigo chefe de Estado recusou comentar a iniciativa do Presidente da República, Cavaco Silva, de ouvir os partidos com representação parlamentar.
"Não me pronuncio sobre isso, é uma competência do senhor Presidente da República e não me pronuncio sobre isso", frisou.
O Presidente da República começou hoje a ouvir os partidos com representação parlamentar sobre a situação económica, política e social do país, numa altura em que faltam menos de duas semanas para a apresentação do Orçamento do Estado para 2011.
Cavaco Silva recebeu o Partido Ecologista Os Verdes (PEV), o PCP e o BE, estando previstas para quarta feira de manhã as audiências com as delegações do CDS-PP, PSD e PS.
ACL/ICO.
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